Cercada de segurança e esquemas de proteção, a Casa da Moeda vai abrir as portas ao público pela primeira vez. Trinta pessoas, inscritas pelainternet, farão um roteiro de três horas para conhecer os setores de fabricação de dinheiro, moedas e medalhas e a gráfica, onde são feitos passaportes, diplomas e selos. A primeira visita está marcada para dia 10 deste mês.
O ponto alto do passeio é o setor de impressão de cédulas. Cada nota que o leitor guarda na carteira levou 12 dias para ficar pronta, em um trabalho ininterrupto - a fábrica funciona 24 horas, em três turnos.
O papel vem de São Paulo, é fornecido pela empresa Arjowiggns, e passa por cinco processos de impressão, nos quais recebe marcas d'água, alto-relevo, fibras invisíveis sensíveis à luz ultravioleta.
Silva já imprimiu dinheiro de nomes que ganharam variações ao longo dos anos - cruzeiro, cruzado, cruzeiro real. No fim dos anos 1980, quando mil cruzados viraram um cruzado novo, ele incorporou um carimbo aos instrumentos de trabalho. "O dinheiro perdia zeros e a gente carimbava as notas para informar o novo valor."
O aumento da inflação também é sentido pelo vaivém dos caminhões do Banco Central. Hoje são três retiradas semanais e o cofre chegou a ter um bilhão de cédulas. No passado, as retiradas eram diárias e não havia tempo de armazenar as notas.
A nota preferida de Silva foi a de polímero (aquela de R$ 10, feita em material plástico). Mas não era durável como se esperava. Hoje, sua menina dos olhos é a de R$ 100, que ajudou a desenvolver. "Não é pelo valor, mas é um trabalho que acompanhei, tem cor ali que fui eu que fiz."
Silva não gosta de falar em quanto o setor imprime por ano. "Não trabalho com valores, mas com produto. Neste ano, serão 2,84 bilhões de cédulas. Eu falo para os mais jovens quando chegam: 'Não se deslumbrem, é só um produto. Podia ser selo'."
Estadao
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