Foi lançado ontem [25.abr.2012] à noite em Brasília um filme-documentário sobre a posse de Dilma Rousseff como presidente da República, em 1º de janeiro de 2011. Com 32 minutos de duração e dirigido por Ricardo Stuckert, “Pela primeira vez” pode ser descrito de várias formas. Uma delas é pelas ausências.
Antonio Palocci, o mais poderoso coordenador da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010, não aparece. Palocci, como se sabe, foi nomeado ministro da Casa Civil em 2011 e foi o mais influente colaborador da presidente até que foi forçado a renunciar ao cargo por suspeitas de que seu patrimônio pessoal era incompatível com sua renda.
É impossível que Palocci, o então homem forte do governo que se iniciava, não aparecesse em nenhuma das tantas imagens captadas no dia da posse de Dilma.
Por ironia, “Pela primeira vez” é basicamente montado sobre o som dos discursos de posse de Dilma Rousseff. Um dos autores desses textos foi exatamente Antonio Palocci –sua imagem não aparece no documentário, mas as palavras que ele redigiu são pronunciadas por Dilma o tempo todo.
A maioria dos ministros já defenestrados por Dilma também foi expurgada do documentário “Pela primeira vez”. Uma exceção é Nelson Jobim. O ex-ministro da Defesa aparece brevemente, quase por 1 segundo. No saguão do local onde foi exibido o filme, um auditório do Museu Nacional, a piada que se fazia era que Jobim era muito alto e ficou difícil cortá-lo das imagens –para registro, Jobim perdeu o cargo depois que revelou ter votado em José Serra e não em Dilma para presidente.
Do ponto de vista técnico, “Pela primeira vez” não mostra ousadia. Embora totalmente em 3D, o filme é um pouco monótono pela escolha de imagens que já eram quase todas de conhecimento público: Dilma fazendo discursos e recebendo cumprimentos pela posse.
Os poucos bastidores ficam por conta da volta de Luiz Inácio Lula da Silva para São Bernardo do Campo, dentro do avião. Há também um cena inédita na qual Lula, ainda como presidente, se prepara para ir receber Dilma e passar a faixa para nova ocupante do Planalto.
Nada de conversas de bastidores, de emoções não conhecidas ou de cenas surpreendentes. Aliás, num determinado momento aparecem cenas de fogos de artifício em Brasília que podem ser associadas à posse presidencial –o que é um erro, pois tratava-se apenas de celebração pela chegada do Ano Novo.
Blog do Fernando Rodrigues
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