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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Menino de 10 anos vira símbolo de 2014




Menino de 10 anos  vira símbolo de 2014Decepção e tristeza foram sentimentos que tomaram uma multidão que assistiu, assim como o pequeno Tomaz Magalhães da Rocha, à derrota histórica do Brasil para a Alemanha, no Mineirão, em Belo Horizonte. Caindo em lágrimas, o garoto de 9 anos, morador da capital mineira, foi mostrado durante a transmissão da partida, que dificilmente será apagada da memória dele. O choro do menino, logo após o quarto gol da seleção alemã, representou a emoção de muitas pessoas naquele momento, em que o hexacampeonato se adiava por, pelo menos, mais quatro anos. “Eu senti decepção e tristeza porque eu achei que o Brasil ia ganhar o jogo, só que aí eu chorei porque eu vi que o Brasil não ia conseguir”, contou Tomaz, enquanto assistia ao jogo entre Holanda e Argentina nesta quarta-feira (8).

Antes da partida desta terça-feira (7), o menino, que é apaixonado por futebol, já havia ido a outros dois jogos da seleção – ambos com vitória brasileira e motivos para comemorar. A expectativa para o duelo pela semifinal da Copa do Mundo era grande, e o adversário provocava apenas um “pouquinho de medo” em Tomaz. Confiante na vitória, o atleticano foi ao Mineirão acompanhado do pai e mantinha os pés no chão. “Eu cheguei bem animado, estava com a expectativa que o Brasil ia ganhar de 1 a 0, mas ia ser difícil, porque não é tão bom o time”, relembra.

Em dez minutos de jogo, entretanto, a empolgação do garoto, que cursa do 4º ano em um colégio particular de Belo Horizonte, começou a ser freada e parou, de vez, quando a Alemanha balançou a rede brasileira pela quarta vez. “No primeiro gol, eu até que não fiquei tão triste, não. Porque o Brasil podia empatar e virar o jogo e também porque não foi culpa do Júlio César, foi mais da zaga, mesmo. O segundo gol, eu já fiquei mais preocupado. No terceiro, eu fiquei mais preocupado ainda. E, no quarto, eu achei que o Brasil não tinha mais condições de empatar”, descreve. Para ele, aquele placar, no primeiro tempo, era algo muito sério. “Onde já se viu?”, questiona.

A produtora editorial Carolina Santos Magalhães da Rocha estava em casa acompanhando a partida e conta que não viu, ao vivo, o choro do filho. “Na hora que ele apareceu, eu tinha ido pegar um pano para limpar a bebida que tinha caído no chão”, diz. Instantes depois, ela começou a receber inúmeras mensagens de celular de conhecidos que tinham se emocionado com Tomaz. Ele diz que não se viu no telão do estádio e que não sentiu vergonha de ter sido visto, aos prantos, por milhões de pessoas. “Quando se apaixona por futebol, qualquer coisa pode desequilibrar as emoções”, pontua.

Aos 25 minutos da partida, o menino, que não escondeu a emoção, só desejava que aquela sequência de gols a que acabava de assistir fosse apenas uma cena de um sonho ruim. “Eu custei a acreditar que o Brasil estava perdendo de 4 a 0, porque eu achei que aquilo era um pesadelo”. Para tristeza de Tomaz e dos torcedores brasileiro, o que acontecia no Mineirão era real e estava longe do fim.

Dentro do estádio, a raiva também se fez presente para Tomaz. “Fiquei morrendo de raiva da Alemanha”, desabafa. Nesta quarta-feira (9), porém, um dia após o trauma provocado por um placar de 7 a 1, o garoto disse que a “maioria da tristeza” já passou. Ele não considera que a derrota tenha um só culpado. Se estivesse no lugar de Felipão, faria diferente na hora de definir o time para enfrentar a Alemanha. Apesar de iniciante na “carreira” de torcedor, o menino mostra firmeza para dar palpite na escalação. “Bom, eu ia começar com três volantes e depois eu ia colocar, no segundo tempo, o Bernard, para correr”, diz.

Mas, se não há como voltar o tempo em busca de um placar diferente, depois de enxugar as lágrimas, o menino quer bola para frente. O tropeço na semifinal não apagou o otimismo de Tomaz. O pequeno conta que o consolo após a derrota por 7 a 1 veio pelas palavras do pai, que falou que aquele “era só um jogo” e que o filho ainda veria várias copas. “Espero que a gente vá conseguir o terceiro lugar porque, mesmo assim, vários países participaram das eliminatórias, só 32 foram [para Copa]. E todos eles vão estar tristes, menos um, que vai ser o campeão. E o Brasil vai estar menos triste porque vai ser o terceiro”, prevê.

Durante o jogo entre Holanda e Argentina, Tomaz já tinha suas apostas para as últimas duas partidas do Mundial. E os palpites do garoto, que acertou a definição dos próximos duelos, concretizaram-se. Por também ser sul-americana, a seleção de Messi vai ganhar a torcida de Tomaz na grande final da Copa do Mundo, neste domingo (13), no Maracanã, no Rio de Janeiro. Tomaz acredita que, no próximo Mundial, em 2018, o Brasil poderá levantar a taça pela sexta vez. Mas o caminho da preparação até a Rússia precisa ser diferente na opinião do garoto. “É só [a seleção brasileira] não repetir o que fez”, conclui, acrescentando que um grupo mais experiente pode fazer a diferença.




G1

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