Os operários retomaram suas atividades na Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, no início da manhã desta segunda-feira (2). De folga por luto desde a tarde de quarta-feira (27), depois do desabamento de um guincho, que deixou dois mortos, eles voltaram ao trabalho bastante abatidos. Por volta das 8h, os funcionários aproveitaram para fazer uma homenagem aos companheiros mortos e fizeram uma oração. O ex-presidente alvinegro Andrés Sanchez e um padre participaram do ato antes do início dos trabalhos.
O ajudante-geral Edimilson Souza da Silva, de 26 anos, disse que a lembrança do acidente está muito presente. “Eu estava próximo do local do acidente. Penso que eu podia ter perdido a vida também. Saber que dois companheiros que trabalhavam com a gente não vão estar mais aí é muito doído”, afirmou.
Os marmoristas Pedro Barbosa Lima, de 43 anos, e Geraldo dos Reis, de 49 anos, que trabalham na construção há 6 meses, também estavam cabisbaixos. “Eu volto com o coração amarrado por causa dos colegas. A gente estava descansando a uns 40 metros do acidente. Ouvi o barulho e ainda vi o guindaste despencando em câmera lenta”, disse Lima. “Na hora, eu só pensei nos colegas”, lembrou Reis.
O operário José Viana da Silva, de 40 anos, demonstrava um certo desânimo. “É bom voltar ao trabalho, mas fica bem difícil por causa da morte dos colegas. É bem triste. Estou aí há 1 ano e 4 meses e nunca tinha visto nenhum acidente grave, só coisa pequena mesmo. Vamos ver como as coisas vão ficar agora”, desabafou. Na quinta-feira (28), o Ministério do Trabalho interditou operações com guindastes até que a construtora Odebrecht mostre que não há riscos para os trabalhadores de um novo acidente. Por isso, eles devem retomar atividades como revestimento de piso e as instalações elétrica e hidráulica.
Interdição A Defesa Civil municipal interditou neste domingo (1º), por tempo indeterminado, o auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, de acordo com informações da assessoria da Secretaria da Segurança Urbana. A interdição ocorre para evitar acidentes no local depois do incêndio atingir o prédio. A Defesa Civil esteve no auditório neste domingo para auxiliar na retirada de obras de arte. Os técnicos fizeram, então, uma análise preliminar e decidiram interditar os cerca de 8 mil metros do auditório porque os vidros da fachada foram bastante danificados com o incêndio.
Neste domingo, o presidente da fundação Memorial, João Batista de Andrade, disse que ainda não foi notificado sobre a interdição. Ele afirmou, no entanto, que será contratada uma empresa especializada para fazer uma perícia na estrutura do prédio. “A partir desse laudo é que vamos definir o que vamos fazer. A gente espera que seja favorável a uma reforma. A partir disso, o Memorial vai elaborar um plano de obras”, afirmou Andrade. O trabalho continua nesta segunda-feira (2).
Uma reunião nesta segunda irá definir o que será feito com a programação prevista para o auditório. O presidente da fundação adiantou que alguns eventos podem ser transferidos para outras áreas dentro do próprio Memorial, alguns para outros equipamentos públicos e os demais poderão ser cancelados. Feridos Quatro dos 25 bombeiros feridos no incêndio continuavam internados em estado grave neste domingo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), informou a assessoria do Hospital das Clínicas. Segundo o hospital, outro bombeiro que também participou da ação de socorro já recebeu alta.
Os profissionais que estão em estado grave, segundo os bombeiros, foram vítimas do chamado “flashover”, ou combustão súbita. Isso acontece em ambientes fechados, quando o material que está queimando libera gases. Quando os bombeiros abriram a porta do auditório, esses gases entraram em combustão em contato com o oxigênio. Os dois bombeiros que estão em estado mais grave tiveram queimaduras nas vias aéreas, mas não correm risco de morte.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário