O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (25), em discurso a milhares de argentinos na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, no centro da cidade, que a Igreja Católica precisa sair às ruas para que não se torne uma ONG (Organização Não Governamental).
Na sequência, Francisco disse que os idosos vivem uma "eutanásia cultural" porque a sociedade "não os deixa falar". "Os jovens tem que sair a lutar pelos valores. E os velhos têm que abrir a boca e nos transmitir as sabedorias dos povos." Sobre os jovens, o pontífice afirmou que a exclusão se dá também pelo desemprego. "É uma geração que não tem a dignidade do trabalho."
Visita à favela Antes do encontro com os compatriotas, Francisco visitou a favela de Varginha e, em discurso, pediu que os jovens não desistam de lutar por mais igualdade por conta de casos de corrupção. "Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar."
No pronunciamento, feito sob um palco montando em um campo de futebol da comunidade, diante de uma multidão de fiéis que acompanhavam as palavras de Francisco sob chuva. O pronunciamento foi o que mais tocou em questões sociais entre os que o papa já fez na Jornada Mundial da Juventude. O pontífice evocou uma expressão brasileira para incentivar os jovens a serem mais solidários. "Sei bem que quando alguém precisa comer e bate em suas portas, vocês sempre dão um jeito de compartilhar comida. Como diz o ditado, sempre se pode colocar mais água no feijão", afirmou.
Antes de discursar, Francisco fez uma breve oração em uma pequena capela, chamada São Jerônimo Emiliani, e, sob garoa, caminhou entre fiéis. O pontífice ganhou de um fiel uma faixa do San Lorenzo, seu time de futebol de coração, de Almagro, na região metropolitana de Buenos Aires. Ele também foi presentado com um colar de carnaval, o qual chegou a usá-lo por alguns minutos.
O papa também visitou a casa de uma família da comunidade. Ele ficou na residência por aproximadamente dez minutos e depois voltou a caminhar pelas ruas da comunidade. Sete famílias da comunidade haviam sido pré-selecionadas para receberem Francisco. A família escolhida para a visita era uma destas.
Cerimônia na prefeitura Antes da visita à favela, o papa participou de cerimônia no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio de Janeiro, onde recebeu do prefeito Eduardo Paes as chaves da cidade. Em seguida, o pontífice fez um breve discurso, no qual abençoou os presentes e, ao final, pediu para os presentes rezarem por ele.
"Muito obrigado por estar aqui e agora, de coração, vou lhes dar a bênção, às suas famílias, amigos, a todos", disse o pontífice. "E rezem por mim", concluiu.
Logo depois, o prefeito Eduardo Paes brincou com Francisco sobre a chuva que, castiga o Rio desde o início da semana, e citou Santa Clara, santidade evocada em simpatias para acabar com a chuva. O papa entrou na brincadeira e falou sobre a crença popular de se jogar ovos para Santa Clara para que o tempo melhore.
Na prefeitura, Francisco foi recepcionado por atletas, como a jogadora de vôlei Fabiana, e ex-atletas, como Zico e Oscar Schmidt, que se ajoelhou diante do pontífice. O coordenador da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto Parreira, também foi cumprimentado pelo papa, assim como o atleta paraolímpico Guilherme de Lima Sales.
O pontífice abençoou a bandeira olímpica para os Jogos de 2016, os quais serão sediados pelo Rio de Janeiro. Além de Paes, o governador Sérgio Cabral também foi cicerone do pontífice durante a visita à prefeitura.
UOL
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