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Victor Mateus

sexta-feira, 3 de maio de 2013

‘Jogador Bernardo estava pronto para morrer’, diz delegado




‘Jogador Bernardo estava pronto para morrer’, diz delegado"O Bernardo estava pronto para morrer. Ele só foi salvo pelo alerta do Charles (volante do Palmeiras), que avisou ao Menor P que o crime atrairia a polícia para a favela, que só sairia depois de punir os culpados".

A afirmação é do delegado José Pedro Costa da Silva, titular da 21ª DP (Bonsucesso) que investiga a agressão a que o jogador do Vasco teria sido submetido na Favela Vila do João, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, pelo traficante Marcelo dos Santos das Dores, o Menor P, no último dia 21.

O delegado afirmou ainda que a mulher do bandido, Dayana Rodrigues, seria morta no local. "O Menor P era maluco por ela, que foi salva graças a intervenção de um pastor. O ciúme dele era tanto que queria obrigar que ela fizesse sexo oral no jogador. Bernardo nunca teve contato com ela. O foco não era ele. O alvo era ela”, diz o delegado. Segundo ele, muitos moradores assistiram à cena.

Ainda de acordo com José Pedro Costa da Silva, Menor P e outros três suspeitos serão indiciados por tortura, lesão corporal grave, sequequestro e cárcere privado. Cilmar Sales Leite, o Relâmpago, de 31 anos, homem de confiança de Menor P, Fabiano Santos de Jesus, o Zangado, irmão do traficante e um suspeito conhecido como Thiaguinho ou TH, serão indiciados como co-autores. Todos teriam dado suporte às ações do traficante contra Bernardo e Dayana.

O delegado revelou ainda que Dayane foi espancada no sábado por Menor P. Em um exame no hospital em que foi avaliada, foi constado um ferimento na cabeça da vítima, o que prova a agressão, de acordo com o titular da 21ª DP.

Boato motivou ações de Menor P

De acordo com José Pedro, houve um boato na favela de que Bernardo estaria se relacioando com a Dayana, propagado apenas para atingir a mulher. Bernardo estava com Dayana e Charles, que joga no Palmeiras e morou no local, em uma lanchonete na favela por volta das 18h20 para uma festa. Após alguns minutos, Relâmpago e Menor P chegaram ao local e chamaram o apoiador do Vasco e a mulher. Eles rodaram por volta de 10 a 15 minutos com os traficantes, que ameaçaram o apoiador do Vasco durante o trajeto até uma casa na localidade conhecida como Vila dos Pinheiros.

Bernardo e Dayana foram colocados em uma cadeira nus e amarrados. Menor P exigiu que a mulher fizesse sexo oral no jogador para mostrar que eles tinham algum envolvimento, mas o fato não foi consumado. O apoiador foi exposto a uma arma de choque, mas, segundo o delegado, não apanhou ou levou choques em nenhum momento. A sessão de tortura levou de 25 a 30 minutos e os dois foram salvos por Charles, que foi até o local. Dayana levou três tiros na perna, um na tíbia, um no joelho e um no calcanhar, além de outros dois de raspão. De acordo com o titular da 21ª DP, ela seria morta mesmo diante da intervenção de Charles.

Sabendo que ia morrer, Dayana teria pedido que um pastor fosse ao local fazer uma oração, momento em que foi salva pelo religioso, que convenceu Menor P a mudar de ideia.

O lateral-direito Wellington Silva, do Fluminense, sabia que Bernardo estaria na favela, mas não conseguiu falar com ele por ordem dos traficantes, que mandaram o apoiador do Vasco desligar o celular.

Bernardo e Wellington já prestaram depoimento. Nos próximos dias, uma ex-mulher de Menor P, Charles, Dayanna e a irmã dela vão à delegacia para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Bernardo negou agressão em nota

O jogador Bernardo, do Vasco, emitiu nota, nesta terça-feira, sobre a suposta tortura ocorrida no Complexo da Maré, no último dia 21. No texto, o atleta classifica as notícias sobre o caso como equivocadas e reafirma desconhecer Dayana Rodrigues, uma namorada do traficante Menor P e pivô do crime.

Ainda na nota, Bernardo agradece o apoio e suporte do Vasco e afirma que considera o ocorrido como encerrado. No fim, o jogador enfatiza as declarações como mentirosas com uma frase: "Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo, antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vesti".

Em depoimento à 21ª DP (Bonsucesso) nesta segunda-feira, Bernardo confirmou que sofreu tortura psicológica por parte do bandido, mas negou ter sido agredido. No entanto, afirma ter sido amordaçado, amarrado e obrigado a tirar toda a roupa. Os advogados da vítima, que também foi ameaçada de violência sexual, devem pedir proteção para o atleta.

Confira a nota do jogador Bernardo na íntegra:

“Inicialmente, venho agradecer pelo apoio que eu e minha família recebemos nestes últimos dias.

Gostaria de agradecer especialmente ao Vasco da Gama, instituição que, apesar de tudo que vinha sendo equivocadamente divulgado, desde o início (e sempre) me deu total suporte e credibilidade, incluindo dirigentes, jogadores e torcida.

Após o depoimento oficialmente prestado ontem, quando pude relatar todo o realmente ocorrido, considero esta história encerrada, permanecendo, claro, sempre à disposição da autoridade policial para prestar esclarecimentos adicionais que possam ser necessários a respeito do assunto.

Destaco que todo o episódio por mim relatado - que é sigiloso, inclusive para não prejudicar investigações – já era de conhecimento de polícia e apenas tive a oportunidade de esclarecer alguns pequenos detalhes, em especial o fato de não conhecer a Dayana.

Por tudo, entendo que deixei clara minha disposição em colaborar com as investigações e explicar a verdade dos fatos para a autoridade policial, a quem cabe prosseguir com as providências.

Volto a afirmar que estou bem de saúde, não sofri agressões físicas e, a partir de agora, estou focado somente na cirurgia à qual serei submetido amanhã. Minha preocupação agora é apenas me recuperar da lesão no joelho o mais rapidamente possível para, enfim, voltar a fazer o que mais amo na vida, que é jogar futebol.

Solicito a colaboração de todos para que este assunto seja conduzido apenas pela autoridade policial."

'Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo, antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir'".



PB Agora com O Dia  

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