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Victor Mateus

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Lula diz que está de saco cheio das denúncias e pede para petistas não baixarem a cabeça




Lula diz que está de saco cheio das denúncias e pede para petistas não baixarem a cabeça SÃO PAULO - Em meio à divulgação do depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que acusa o PT de receber propinas em contratos, junto com o PMDB e do PP, partidos aliados do governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, que está de "saco cheio" com as denúncias feitas em período eleitoral. Segundo ele, “para acusar petistas, não é preciso ter provas”. Lula também centrou seu discurso em ataques ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colocando o tucano como protagonista do debate de segundo turno.

T Sem citar a Petrobras, Lula disse em uma plenária de militantes do partido em São Paulo, que nenhum "tucano bicudo" poderia acusar os petistas de corruptos. Antes de Lula falar, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já havia dito que o PSDB "não tem moral para chamar petista de corrupto".

— Nenhuma denúncia de corrupção pode abaixar a cabeça de um petista. Não podemos admitir que um tucano bicudo venha chamar a gente de corrupto — disse Lula.

O ex-presidente criticou a divulgação de denúncias no período pré-eleitoral:

—Não é preciso provar, é só insinuar. Já estou com o saco cheio. É todo ano a mesma coisa — disse Lula, que ironizou: — Daqui a pouco vão investigar como nós nos portávamos no ventre de nossa mãe.

O ex-presidente dedicou boa parte de seu discurso para atacar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou nesta semana que os eleitores que votaram em Dilma não são pobres, mas desinformados. Ele chegou a dizer que Fernando Henrique representa a elite brasileira, que um "preconceito (de classe) histórico".

— Aquilo não é o pensamento dele. Aquilo é uma cultura deles (PSDB). É uma cultura de dizer que quem não vota neles é mais burro do que quem vota. Ele não falou só do Nordeste ou do Norte. Ele falou da periferia de São Paulo, do Rio, de Belo Horizonte.

Em um ginásio lotado de militantes, o PT parou os discursos para mostrar a estreia do programa de TV de Dilma Rousseff, em que o ex-presidente Fernando Henrique é diretamente criticado, mostrando que o partido vai centrar as críticas na gestão do tucano (1995-2002). Lula insistiu com os militantes que a disputa se dará no campo de dois projetos para o país, mas com a oposição de quem representa os ricos e os pobres. Para ele, uma eventual vitória do PSDB "vai trazer de volta ideias que não deram certo, trazer de volta o FMI".

— Essa campanha não é entre Dilma e Aécio, entre tucanos e estrelas, entre homem e mulher. É uma campanha entre duas propostas de país, de sociedade.

Lula fez ainda uma crítica sobre o mau desempenho do PT em São Paulo e disse que o candidato derrotado ao governo, Alexandre Padilha, não deveria "chorar", mas saber que esta eleição tinha sido seu primeiro embate. Ao também derrotado senador Eduardo Suplicy, que se queixou de falta de apoio do PT na campanha, Lula fez afagos e disse que o país lhe era grato por seu papel no Senado.

— Algo está errado no nosso discurso, na nossa atitu
de. Faltou um pouco de política, de debate — disse o petista.



O Globo

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