Permitir penas mais rigorosas para adolescentes infratores voltou a ser um clamor de parte da população brasileira, depois que crimes cometidos por menores de idade chocaram o País pela crueldade.
Mas para o desembargador Antonio Carlos Malheiros, do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), essa não é a solução para o problema.
Ele defende um debate sobre medidas que possam dar maior amparo aos jovens, ao invés de puni-los. Malheiros alega que a lógica apresentada para pedir a redução da maioridade penal levaria à punição até de bebês.
— Os projetos falam em redução para 16 anos. Usa-se o jovem de 15 anos para cometer o crime com isso. Então, vamos reduzir para 14? Vai ter outro menino com 13 anos, também trabalhando com o traficante, sendo aviãozinho, e até sendo gatilho do traficante, sendo soldado. Então, vamos reduzir para 12? E assim vamos indo até chegar à maternidade dos pobres, e vamos começar a apreender os nossos bebês. Não é por aí.
Constituinte
A única forma de mudar uma cláusula pétrea é convocar uma assembleia constituinte para debater o assunto e reformar a lei máxima do País – situação que nunca ocorreu desde a promulgação da Constituição de 1988.
Com 14 anos de experiência na área da infância e da juventude, a juíza assessora da Corregedoria-Geral da Justiça do TJSP, Maria de Fátima Pereira da Costa e Silva, também é da corrente que defende que a redução da maioridade penal é inviável.
— Não seria possível uma alteração por uma simples emenda à Constituição em relação ao artigo 228 [que garante a inimputabilidade aos menores de 18 anos de idade].
— É a primeira vez que eu ouço falar nisso. Sou de antes da Constituição, acompanhei a constituinte e acho que isso é invenção de jurista. Eles interpretam como se [a inimputabilidade] estivesse entre os direitos e garantias individuais. Mas, se fosse uma cláusula pétrea, o Código Penal não precisaria nem citar isso.
O artigo 27 do Código Penal deixa claro que menores de dezoito anos não podem ser punidos.
Vontade política
— Havia tantas cláusulas pétreas que foram desrespeitadas, como a aposentadoria, que não poderia ter sido mexida. Na verdade, quando o governo quer uma coisa, é cláusula pétrea, quando não quer, não é.
Para Barone, o governo não quer mexer na maioridade penal porque não tem onde colocar os adolescentes infratores.
—O único motivo do governo para não fazer isso é: "Eu não vou ter lugar para por menores. Porque eu não construo presídios nem para por os maiores, quanto mais para por os menores".
O promotor também afirma que o governo não tem "coragem" nem de fazer um plebiscito, para consultar qual é a vontade do povo sobre a redução da maioridade penal.
— Essa Constituição é uma constituição que defende única e exclusivamente o criminoso. Em nenhum momento, a Constituição chamada de Constituição Cidadã defende o cidadão, ela só defende o criminoso, e eu não entendo o porquê.
R7
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