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Victor Mateus

domingo, 13 de janeiro de 2013

Com Produto Interno Bruto mais baixo trabalhador que ganha mínimo receberá menos




Com Produto Interno Bruto mais baixo trabalhador que ganha mínimo receberá menosCom um crescimento menor do PIB previsto para os próximos anos, a estimativa é que o salário mínimo, que serve de referência para cerca de de 45 milhões de trabalhadores, também tenha reajustes mais baixos nos próximos anos. Entre 2013 e 2015, o trabalhador deixará de receber cerca de R$ 245, em comparação com o que era previsto no final de 2011, de acordo com cálculos feitos pelo G1.

Isso acontece porque, pelo formato escolhido pelo governo, o salário mínimo é reajustado com base na inflação (calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC) e no crescimento da economia (o PIB) de dois anos antes. Como o crescimento do PIB de 2012 deve ficar bem abaixo do previsto daquele ano, o salário mínimo de 2014 será influenciado negativamente. Para 2013, o salário mínimo foi fixado em R$ 678.

A perda entre 2013 e 2015 pode chegar a R$ 245,31 para o trabalhador.

Veja, a seguir, os cálculos feitos com base nas previsões do mercado (as melhores disponíveis) para o PIB e INPC de um ano atrás, em dezembro de 2011, e as expectativas para os mesmos indicadores feitas em igual mês de 2012.

Correção do salário mínimo ano a ano

No fim de dezembro de 2011, o mercado financeiro, por exemplo, previa uma taxa de crescimento de 2,87% para o PIB daquele ano (utilizado na correção do salário mínimo de 2013), além de um INPC de 5,39% para 2012. Somando os dois, a correção do mínimo, em 2013, seria de 8,26%, o que levaria o valor dos R$ 622 de 2012 para R$ 673,37 em 2013. 

Um ano depois, no fim de 2012, porém, as contas mudaram. O PIB, antes estimado em 2,87% pelo mercado, acabou ficando em 2,73% em 2011 (de acordo com números oficiais do IBGE). E o INPC deste ano, antes previsto em 5,41%, passou para 6,1%. Com isso, o salário mínimo de 2013 ficou um pouco maior: de R$ 678. Um ganho anual de R$ 60,19 (considerando o décimo terceiro salário). O valor será mais alto, porém, para compensar um crescimento maior da inflação. O aumento real (acima do crescimento dos preços), portanto, será menor.

Para 2014, entretanto, o cenário muda. Há um ano, o mercado finaneiro previa que o salário mínimo avançaria 8,1% em 2014, para R$ 727,91. Em dezembro deste ano, por conta do PIB mais baixo de 2012, já se prevê uma correção menor: de 6,31%, para R$ 718,90. Uma "perda" mensal de R$ 9,01. Considerando novamente o décimo terceiro salário, o trabalhador deixaria de receber, em 2014, R$ 117,13.

Em 2015, o mesmo acontece. Em dezembro de 2011 (levando em conta o cenário previsto para o PIB e INPC), a estimativa do mercado era de uma correção de 8,95% para o mínimo em 2015, para R$ 793,05. Com as novas previsões de crescimento e inflação, feitas em dezembro último, a correção deverá ser de 8,3%, para R$ 778,56. Uma perda mensal de R$ 14,49 em 2015, ou de R$ 188,37 em todo ano, considerando o décimo terceiro salário. Ao todo, considerando o período de 2013 a 2015, o trabalhador deixará de receber R$ 245,31. Esses valores, porém, são apenas estimativas. Dependem da confirmação das previsões, que mudam semanalmente. A tendência atual das estimativas do mercado financeiro é de recuo do PIB nos próximos anos, por conta da crise, mas de crescimento maior do INPC. Assim, o salário mínimo ainda continuaria crescendo, mas de forma menos intensa e para compensar, principalmente, o crescimento da inflação – implicando uma menor alta real.  

Estimativas do governo

O governo, geralmente, tem previsões maiores para o PIB que o mercado financeiro – que nos últimos anos acabaram não se concretizando. No fim de 2011, por exemplo, o Ministério da Fazenda apostava em uma alta do PIB acima de 4,5% em 2012. Atualmente, não divulga previsões oficiais, mas já admite internamente que não deverá ficar muito acima de 1%.

Em setembro de 2011, na proposta de orçamento federal de 2012, o governo previa um reajuste do salário mínimo para R$ 676,18 em 2013. Em 2014 e 2015, respectivamente, o salário mínimo subiria para R$ 741,94 e R$ 817,97, respectivamente, de acordo com a estimativa feita há pouco mais de um ano pelo governo federal. A expectativa do Ministério da Fazenda, responsável pelas previsões sobre o PIB que constam no orçamento, era de que o PIB avançasse 5% em 2012, e 5,5% ao ano entre 2013 e 2015.

A última estimativa oficial do governo para o crescimento do salário mínimo ano a ano, até 2015, foi divulgada em abril deste ano, na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013. Naquele momento, o governo previa um mínimo de R$ 667,75 para este ano. Para 2014 e 2015, respectivamente, a estimativa do governo para o salário mínimo é de R$ 729,20 e de R$ 803,93. Uma nova estimativa do governo para o salário mínimo nos próximos anos deverá ser divulgada somente em abril de 2013, na proposta de LDO de 2014.  

Impacto da crise financeira

A explicação para a correção menor do salário mínimo é que a crise, que foi "inaugurada" com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, tem derrubado para baixo as previsões de crescimento da economia brasileira. Em 2010, houve uma melhora, quando o Brasil chegou a apresentar uma forte taxa de expansão do PIB, da ordem de 7,5%. Em 2011, porém, a crise voltou a atingir os mercados, com dificuldades nas dívidas da Grécia, Itália, Espanha, e em bancos da região. Em agosto do ano retrasado, os Estados Unidos perderam a classificação "AAA" pela Standard & Poors, aumentando mais a tensão nos mercados. Desde então, o cenário de baixo crescimento ainda permanece.

"Essa desaceleração do PIB vai afetar um pouco o salário minimo. O crescimento do salário mínimo foi bom, mas hoje tem uma regra hoje que foi aprovada de comum acordo com as centrais sindicais (PIB mais INPC). O salário mínimo vai continuar com crescimento real, mas o crescimento vai ser muito menor do que se esperava. O PIB de 2012 foi pequeno. O reajuste do mínimo em 2014 [que usa o PIB de 2012 como parâmetro] vai ser realmente baixo", confirmou o economista do IPEA, Mansueto Almeida.

Para ele, porém, o salário minimo ter uma correção menor "não vai ser muito problemático". "A preocupação maior é com o mercado de trabalho. Se o PIB não começar a reagir mais forte, as empresas podem começar a despedir trabalhadores e os salários podem ter perdas reais [crescimento abaixo da inflação]", declarou Almeida.  


G1

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