Um juiz boliviano determinou nesta sexta-feira a prisão preventiva e o indiciamento por homicídio de 12 torcedores do Corinthians, após a morte de um garoto de 14 anos durante partida da Copa Libertadores.
Os torcedores brasileiros ficarão detidos numa prisão de Oruro enquanto aguardam o julgamento, dois deles como autores e os outros 10 como cúmplices, determinou o juiz Julio Guarachi, em linha com o requerimento da promotora Abigail Saba.
Os brasileiros estavam sob custódia desde a noite de quarta-feira, quando a polícia os retirou de uma arquibancada do estádio Jesús Bermúdez, onde foi lançado um sinalizador que atingiu o jovem torcedor do San José Kevin Beltrán, que estava sentado em outro setor da arquibancada, segundo relatórios policiais.
Não havia comentários imediatos dos acusados nem do advogado de defesa, que havia dito previamente que não via provas suficientes para encaminhar uma acusação de homicídio.
SEM PÚBLICO
A decisão da Conmebol de que o clube jogue em estádio vazio nos próximos confrontos da Libertadores é um grande revés para o Corinthians, que ganhou a Copa Libertadores pela primeira vez em julho antes de vencer o Chelsea em dezembro para conquistar o Mundial de Clubes.
"O Corinthians foi sancionado para que todas as suas partidas atuando como local sejam de portas fechadas na Libertadores", disse à Reuters em Assunção o porta-voz da Conmebol, Néstor Benítez.
"Além disso, os clubes que atuarem como local com o Corinthians não poderão vender ingressos para a torcida do Corinthians. Isto significa que os torcedores não vão ver os jogos de qualquer maneira", acrescentou.
O Corinthians, que enfrenta o colombiano Millonarios na quarta-feira, disse que já havia vendido 83.500 ingressos para as três partidas da primeira fase e que vai recorrer da decisão.
"O Corinthians avalia que a punição imposta é injusta, na medida em que prejudica diretamente o direito de inocentes. A medida fere não só o clube, mas, principalmente, os mais de 80 mil torcedores que perderão o direito, já adquirido de forma antecipada, e que não merecem tal pena", informou o clube em nota.
"A direção do Corinthians faz questão de deixar claro que confia na Justiça, no bom senso da Conmebol e nos seus órgãos disciplinares."
A partida do time brasileiro contra o San José era a sua primeira no torneio e o incidente aconteceu quando o atacante peruano Paolo Guerrero abriu o placar aos 5 minutos. O jogo prosseguiu e terminou em 1 x 1.
Essa não é a primeira morte ocasionada por um sinalizador numa partida de futebol.
Durante uma eliminatória para a Copa do Mundo em 1993 entre País de Gales e Romênia, em Cardiff, um idoso morreu quando um sinalizador atravessou o campo e atingiu seu pescoço.
Guillem Lázaro, um espanhol de 13 anos, morreu em março de 1992 por um projétil que atingiu seu peito no antigo estádio do Espanyol, Sarria, em Barcelona. Era a primeira vez que ele assistia a uma partida.
Em agosto de 1983, o torcedor do argentino Racing Club Roberto Basile, de 26 anos, morreu devido a um ferimento na garganta causado por um sinalizador disparado horizontalmente ao campo no estádio do Boca Juniors, La Bombonera.
(Reportagem de Daniela Desantis, em Assunção, de Carlos A. Quiroga, em La Paz, de Tatiana Ramil, em São Paulo, e de Rex Gowar, em Londres).
Reuters
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