Comissão do Senado rejeita convite para Pimentel esclarecer denúncias
Oposição acusou base de convocar somente ministros de outros partidos.
Reportagens mostram que Pimentel recebeu R$ 2 milhões em consultorias.
Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Controle do Senado rejeitou nesta terça-feira (13), por 8 votos a 5, requerimento do líder do PSDB na Casa, Álvaro Dias (PR), para que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, seja ouvido sobre supostas irregularidades em consultorias prestadas por ele entre 2009 e 2010.
Reportagens do jornal "O Globo" publicadas no início do mês mostraram que Pimentel recebeu R$ 2 milhões com sua empresa de consultoria depois de deixar a prefeitura de Belo Horizonte e antes de assumir o ministério. Em nota, o ministério afirmou que Fernando Pimentel deixou a empresa no fim do ano passado e afirma que todas as informações sobre a consultoria foram repassadas à Comissão de Ética Pública da Presidência.
Senadores da base aliada se pronunciaram contra o convite. A exceção foi o senador Ivo Cassol (PP-RO), que defendeu a presença de Pimentel. "Sou da base, mas ministro que tem medo de vir numa comissão não pode ser ministro. Não tem nada o que esconder. Essa comissão aqui não é um cemitério e não enterra ninguém", disse.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa, listou motivos que justificariam a rejeição do requerimento. Ele afirmou que o ministro explicou "de forma convincente" as denúncias e que Pimentel não ocupava cargo público na época em que prestou consultoria.
Na quarta passada (7), o jornal "Folha de S.Paulo" informou que uma empresa atendida pela consultoria manteve contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte quando Pimentel era prefeito.
"No máximo caberia, talvez, a Câmara de Vereadores convocar o ministro por algumas dessas empresas terem prestação de serviço com a Prefeitura de Belo Horizonte. Aqui é só mais tentativa de embate político da oposição", disse.
O senador Aníbal Diniz (PT-AC) pediu à oposição que solicite investigação ao Ministério Público e à Polícia Federal para que a comissão não se torne uma "delegacia". "Se todas as vezes que saem essas denúncias na imprensa vamos convocar ministro, a sensação que dá é que nossa comissão pode se transformar numa espécie de delegacia de polícia", disse.
'Dois pesos e duas medidas'
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, que apresentou o requerimento, disse que há "dois pesos e duas medidas" para a convocação de ministros. O oposicionista lembrou que, com exceção dos petistas, todos os ministros do governo Dilma que caíram suspeita de corrupção foram convidados a prestar esclarecimentos no Congresso.
"Todos estiveram no Senado. Só o Palocci [ex-chefe da Casa Civi, do PT] não veio e agora não querem o Pimentel", afirmou. "Os do PT são defendidos com toda a força nessa Casa e os demais são jogados ao mar", completou.
Câmara
Na última quarta (7), a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara rejeitou, por 13 votos contra e 5 a favor, o pedido de convocação de Pimentel apresentado pelo PSDB. De acordo com a secretaria da comissão, os deputados alegaram que não havia assunto pertinente para análise da comissão e nenhuma denúncia formal contra o ministro.
Denúncias
Reportagem do jornal "O Globo" publicada no domingo (4) apontou que Pimentel recebeu R$ 2 milhões com sua empresa P-21 Consultoria e Projetos Ltda., entre 2009 e 2010, após deixar o cargo de prefeito de Belo Horizonte e antes de assumir vaga no ministério de Dilma.
Segundo o jornal, um dos clientes foi a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) para o trabalho de "consultoria econômica e em sustentabilidade". Dirigentes da federação, que, segundo “O Globo”, pagou R$ 1 milhão pelo trabalho, disseram ao jornal desconhecer o trabalho realizado por Pimentel. Outro cliente, a construtora mineira Convap, teria pago R$ 514 mil pela consultoria.
Em outra reportagem publicada nesta terça (6), "O Globo" cita outro contrato em que o ministro teria recebido R$ 400 mil de empresa pertencente ao filho de um sócio de Pimentel em sua consultoria. Nesta quarta, o jornal "Folha de S.Paulo" informou que esta empresa manteve contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte quando Pimentel era prefeito.
fonte. g1 pb
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