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Victor Mateus

sábado, 27 de outubro de 2012

Desde janeiro, mais de 80 policiais foram mortos em SP, confirma PM




Desde janeiro, mais de 80 policiais foram mortos em SP, confirma PMDesde o começo deste ano até a última quinta-feira (26), 85 policiais foram mortos em todo o Estado de São Paulo. O dado oficial, confirmado pela Polícia Militar, ainda não contabiliza a morte de um policial em folga, ocorrida na noite da última quinta-feira (25) na capital paulista. Segundo a Polícia Militar, 67 destes policiais mortos eram da ativa e 18 aposentados. O número já é bem superior ao que foi registrado em todo o ano passado. Em 2011, de acordo com a PM, 56 policiais foram assassinados, tanto da ativa quanto os aposentados. Em 2010 foram 71 policiais militares,informou o órgão, que não comenta o balanço.

Na última quinta-feira (25), o governador de São Paulo Geraldo Alckmin informou que 117 pessoas foram presas nos últimos dois meses sob suspeita de participação nos ataques contra os policiais militares. Segundo o governador, outros 28 suspeitos estão sendo procurados e 19 morreram em confrontos com a polícia. “O governo não retroage. Não vai voltar um milímetro. O que ganha um criminoso quando ataca a polícia? Ele (criminoso) está querendo criar intimidação”, disse o governador, defendendo a ação policial no enfrentamento contra o crime no estado.

Balanço divulgado na última quinta-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que entre janeiro e setembro deste ano 13 policiais militares e dois policiais civis foram mortos em serviço. No mesmo período do ano passado, 13 policias militares e oito civis foram mortos em serviço. Mas o balanço não contabiliza o número de policiais mortos enquanto estavam de folga.

Também entre janeiro e setembro deste ano, 28 pessoas morreram em confrontos com policiais civis e 369 por policiais militares, totalizando 397 pessoas mortas em confrontos com policiais no período. Isso significou aumento de 8,5% em comparação ao ano passado. Nos mesmo período de 2011, 30 pessoas morreram em confronto com policiais civis e 333 por policiais militares, totalizando 363 pessoas mortas em confrontos.

Os números da secretaria também revelaram aumento de 96% no número de homicídios na cidade de São Paulo no mês de setembro em comparação com o mesmo período do ano passado. Em setembro, a capital registrou 135 casos de homicídios, enquanto no mesmo mês de 2011 foram registrados 69 casos.

No acumulado entre janeiro e setembro, a alta foi de 22% na capital, com 920 casos de homicídios e 982 vítimas (o número de vítimas é maior porque pode haver mais mortes em um mesmo boletim de ocorrência). Em todo o estado, no mesmo período, o aumento foi de 8%.

Em entrevista concedida na manhã de sexta-feira (26), o secretário de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto disse não acreditar que a morte de policiais decorra de uma retaliação de organizações criminosas. “O que está incomodando é o combate efetivo ao tráfico de drogas. Há essa reação deles (criminosos), mas sem aspecto de retaliação”, disse. “A estratégia é exatamente essa: com policiamento mais efetivo. O combate é efetivo e temos certeza de que vamos reverter esse quadro adverso no momento”, disse ele.

Durante a entrevista, o secretário disse que a estratégia de combate à violência em São Paulo está correta. “Não há estratégia dando errada. A estratégia tem dado certo”, disse Ferreira Pinto.

Ele também descartou a necessidade de as Forças Armadas auxiliarem as ações policiais neste momento no estado. “São Paulo é auto-suficiente. A polícia de São Paulo é preparadam, tanto a civil quanto a militar”, falou.

Segundo o secretário, a maior parte dos autores dos homicídios contra os policiais já foi presa. “Temos apenas 10 (criminosos) computados que reagiram e acabaram morrendo”, disse.

Em entrevista à Agência Brasil, o coronel reformado da PM paulista José Vicente da Silva Filho, consultor de segurança e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar de São Paulo, também analisa como correta a estratégia utilizada pela polícia no estado. “Neste ano, a polícia vem fazendo uma repressão muito severa ao tráfico e distribuição de drogas nas ruas da cidade o que tem suscitado uma ação mais intensa dos criminosos incomodados com isso”, falou.

Segundo ele, também é preciso analisar os números referentes às mortes de policiais, que indicam que a maior parte não ocorreu em consequência a confrontos com organizações criminosas. “O que a polícia tem percebido – e conversei sobre isso recentemente com o secretário e com o comandante-geral da PM (Roberval Ferreira França) – é que há uma variedade muito grande. Não se pode colocar tudo numa única cesta de casos e atribuir uma causa comum a isso. Temos aí uma quantidade expressiva de policiais que reagiram a um assalto e morreram, que somam mais de 20 casos, e casos de policiais que estavam executando algum trabalho no seu horário de folga (como vigilantes particulares, por exemplo) e acabaram morrendo. E temos também os casos com características de execução, que é um outro grupo”, disse.

Para o coronel, o aumento no número de mortes de policiais neste ano se deve a dois principais fatores: “Um é a intensificação muito grande da polícia ao tráfico de entorpecentes. Outro aspecto é que a polícia vem mantendo o ritmo pesado de prisão de criminosos”, disse. Segundo ele, o que pode estar ocorrendo também é que alguns criminosos têm aproveitado a onda de violência para “fazer ações contra seus principais desafetos”.

“Historicamente, o que se percebe é que o grande instrumento que existe para a polícia reduzir crimes é a reação competente dela ao criminoso. O bandido tem de ter medo da polícia. Medo de ser apanhado, de ser preso”, defendeu o coronel.

Já a socióloga e pesquisadora-associada do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Camila Dias, acredita que os números de mortes de policiais no estado revela “um contexto de desequilíbrio das relações entre criminosos, sobretudo do PCC (Primeiro Comando da Capital), e a polícia”.

Segundo ela, os números de mortes de policiais e civis são altos porque decorrem “de uma guerra entre a polícia militar e o PCC”. Para ela, “Isto produziu um perverso círculo vicioso cuja expressão é a elevação das taxas de pessoas mortas, sobretudo com características de execução sumária”.

Para Camila, há erros na política de segurança pública estadual. “Há um 'mais do mesmo' que envolve o aumento do encarceramento e investimentos na Polícia Militar, com compra de equipamentos e armas e não se busca uma solução que vá além disto. Isto, aliás, não se limita a São Paulo”, disse ela.

Camila defende que uma das soluções para evitar esses conflitos é fazer uso da inteligência policial e de técnicas de investigação para identificar os responsáveis pelas mortes. “Mas não basta identificar e prender os acusados pelas mortes dos policiais. É evidente que isso é importante. Mas é fundamental, também, identificar os responsáveis pelas mortes de civis que aumentam exponencialmente quando ocorre execução de policiais e, muitas vezes, esse aumento se dá horas depois, no mesmo bairro. É preciso, assim, investigar seriamente esses crimes, principalmente se eles tiverem o envolvimento de policiais como muito deles parecem ter”

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